Isaquias Queroz – um fenômeno na canoagem!
Por trás da excelência demonstrada nas competições, o que leva à euforia os torcedores brasileiros, existe uma história marcada por valores fortes e aprendizados constantes.
Do tupi “cidade da canoa”, Ubaitaba, cidade de 20 mil habitantes localizada numa região que no passado era habitada por índios tupiniquins, é banhada pelo Rio das Contas e, desde pequenos, os locais aprendem a remar para atravessar as águas. Para Isaquias não foi diferente, mas o menino teve uma série de superações a vencer antes de se tornar um ídolo brasileiro, tendo sofrido na infância graves queimaduras e a perda de um rim.
O pai de Isaquias morreu quando ele tinha apenas dois anos, e a mãe, Dilma, cuidava dele e de outros nove irmãos e irmãs (cinco biológicos e quatro adotados), trabalhando como servente na rodoviária local.
Isaquias decidiu se profissionalizar e saiu de casa rumo ao Rio de Janeiro. Teve inúmeras dificuldades para se adaptar à vida no Rio. Até que encontrou em seu caminho um mentor, o treinador da seleção masculina brasileira, o espanhol Jesús Morlan, um treinador obcecado com números que já somava cinco medalhas olímpicas no currículo, a maioria com David Cal, o atleta espanhol com mais pódios olímpicos da história.
Foi a Jesús Morlan a quem Isaquias dedicou sua primeira vitória olímpica – e a primeira da história do Brasil na canoagem – nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Mais, Isaquias se tornou o primeiro atleta brasileiro a conquistar três medalhas em uma única edição dos Jogos Olímpicos. Ainda, esta foi a primeira de muitas outras medalhas dedicadas por Isaquias à Jesús, que faleceu, no final de 2018, vítima de câncer no cérebro, trabalhando até o último segundo, e deixando de legado o planejamento diário, 700 horas de treinamentos para Isaquias, até às olimpíadas de 2020. Assim, todos os dias, até a Olimpíada de Tóquio, Isaquias sabe exatamente o que precisa fazer. Morlán foi embora, mas deixou um programa detalhado de treinamento como herança…
Disse Jésus Morlan: “A vida é um raio. Um curto circuito e tudo se perde… Isaquias nunca pare: continue remando!”
Neste último domingo, 25/08/2019, o baiano não tomou conhecimento dos rivais na prova individual e conquistou o título no Mundial de canoagem velocidade no C1 1000m, em Szeged, na Hungria. Foi a segunda medalha dele: antes, já havia sido bronze nas duplas ao lado de Erlon de Souza. Esta foi a 12ª medalha de Isaquias em Mundiais adultos, sendo a sexta de ouro.
O lema de Isaquias a partir dos aprendizados da vida é: “Desistir nunca, persistir sempre!”. Que venha Tóquio 2020!